O ensino de idiomas na escola

Como está o ensino de inglês e espanhol na escola? De um lado há a escola pública – onde o inglês não reprova – e passa-se claramente ao aluno a noção de que não é importante aprender inglês.

Paradoxalmente essa mesma matéria que é relegada a um segundo plano na escola é exigida no vestibular como todas as outras. E exigida como pré-requisito para matricular-se em muitos cursos de mestrado, doutorado e pós-graduação. No mercado de trabalho, a não ser que o aluno queira estudar e tirar um diploma para ser motoboy, a ignorância total do idioma inglês ou espanhol é um fator de exclusão.

De outro lado temos a escola particular que – pelo menos teoricamente – fornece (ou propõe-se a fornecer) um ensino de qualidade, já que os pais estão pagando. Mas será que o que pagam é exatamente o que recebem?

Quem é professor de inglês ou espanhol aí e que já foi pressionado pelo diretor a “dar um jeito de aprovar” os alunos, levante a mão – a minha já está levantada. Algumas escolas usam o inglês ou espanhol na grade escolar apenas como chamariz, é o que chamam de “diferencial”. Incluem o idioma (ou idiomas, quanto mais, melhor) na grade para “encher os olhos” dos pais na hora da matrícula.

Quando o professor se empolga e resolve realmente ensinar, esbarra em dois problemas: tem que despertar o interesse dos alunos, nivelar os que vieram de escola pública (onde inglês e espanhol “não reprovam”, portanto não precisavam “se preocupar” com eles) e cobrar o mínimo possível, porque se o aluno reprovar há o risco de os pais tirarem o aluno da escola.

Sim, porque hoje em dia se 40 alunos passam de ano mas o “meu filho” não passa, ou a escola não presta, ou o professor é que é ruim e “pegou no pé” do meu filho, ou então meu filho “não se adaptou ao método”.

O método, meus caros amigos, em qualquer escola é basicamente o seguinte: o professor ensina, o aluno pergunta se tiver dúvida, o professor fornece meios para que o aluno pratique, use o que aprendeu, cheque quanto aprendeu. Aí o professor marca uma data, prepara uma prova, o aluno estuda, faz e a prova e é avaliado pelo tanto que aprendeu do que foi ensinado.

Com algumas variações, no final das contas o método é comum a todas as escolas. E se tem algum aluno que “não se adapta” a isso, alguma coisa está profundamente errada. Se tem aluno que acha uma injustiça que o professor inclua na prova a matéria que ensinou enquanto ele ouvia música no celular, passava mensagens ou batia papo no fundo da sala, cuja lição de casa ele não fez, e que em vez de estudar simplesmente ignorou porque tinha coisas “mais importantes” para fazer, o mais absurdo é que haja pais que concordam e que tiram o aluno da escola.

Tirar um aluno da escola significa “menos dinheiro entrando” e como toda escola particular é também uma empresa, o administrador, ou melhor, o diretor tem que tomar medidas para reduzir ao máximo a evasão escolar, e o meio mais fácil e óbvio que encontra é pressionando o professor para que “pegue leve” com os alunos ou deixarão de ser seus alunos – se é que me entende.

Triste panorama. De um lado temos a hipocrisia, onde ignoram o que será depois cobrado. No outro lado temos a hipocrisia dupla: a escola faz de conta que ensina, o aluno faz de conta que estuda, o pai faz de conta que acredita. E ai de quem jogar suas crenças por terra!

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Uma resposta

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